domingo, 18 de março de 2012

Efeitos Biológicos

Em 1896, quatro meses após a descoberta dos raios-X Roentgen, o médico J. Daniels, da Universidade de Vanderbilt, notificou à comunidade científica o primeiro efeito biológico da radiação: a queda de cabelos de um de seus colegas, cuja radiografia de crânio havia sido feita.
Em 1899, dois médicos suecos conseguiram curar um tumor de pele na ponta do nariz de um paciente e em 1903 em médico americano obteve a diminuição do baço de um paciente com leucemia.
O uso de raios-X na terapia estava, entretanto, produzindo resultados desagradáveis. Eritema de pele e a seguir ulcerações durante o tratamento dos pacientes.
Desde então não só os benefícios trazidos pela radiação mas também seus efeitos danosos tem interessado os cientistas do mundo todo.
Os estudos dos mecanismos básicos da radiobiologia permitem análises microscópicas como células ou partes das células. A energia liberada pode produzir ionização e excitação dos átomos e quebra de moléculas e, como conseqüência, formação de íons e radicais livres altamente reativos. Estes por sua vez, podem atacar moléculas de grande importância como a molécula de DNA (ácido desoxirribonucléico) do núcleo da célula, causando-lhes danos. A destruição de uma molécula de DNA resulta numa célula capaz de continuar vivendo, mas incapaz de se dividir. Assim, a célula acaba morrendo e não sendo renovada. Se isso ocorrer em número muito grande de células, sobrevem o mau funcionamento do tecido constituído por essas células, e por fim, a sua morte.
Existem efeitos biológicos da radiação que se manifestam a curto e a longo prazo.


EFEITOS A CURTO PRAZO OU AGUDOS: São efeitos observáveis em semanas, dias ou em apenas horas após a exposição do indivíduo à radiação.
Esses efeitos geralmente associados a altas doses de radiação, acima de 1 Sv, recebidas por grandes áreas do corpo, num curto período de tempo. Dependendo da dose, pode ser provocada a chamada síndrome aguda da radiação em que podem ocorrer náuseas, vômitos, prostatação, perda de apetite e de peso, febre, hemorragias dispersas, queda de cabelo e forte diarréia.
Dependendo da dose de radiação recebida e da condição de resistência do indivíduo exposto, o resultado final pode ser letal.
Os três sistemas de órgãos que parece ser os mais importantes na síndrome aguda da radiação são o sistema hematopoiético, para doses equivalentes abaixo de 5 Sv, o sistema gastrointestinal para dose equivalentes entre 5 e 20 Sv, e o sistema nervoso central – para doses equivalentes acima de 50 Sv.
Os seres vivos não são igualmente sensíveis a radiações. Com base em experiências realizadas em laboratório, as doses equivalentes feitas para os diferentes seres vivos foram estimadas para a maior parte dos mamíferos – entre 2 e 10 Sv, para os insetos – entre 10 e 103 Sv, para plantas que florescem – entre 10 e 102 Sv, para os microorganismos entre 103 e 104 Sv.


EFEITOS A LONGO PRAZO OU TARDIOS: Esses efeitos podem surgir de altas doses num curto intervalo de tempo: são os casos de animais adultos que receberam doses de radiação que não foi letal, portanto com recuperação aparente, podendo ainda vir a sentir os efeitos muitos anos mais tarde e de pequenas doses, mas crônicas num longo intervalo de tempo: são os casos de pessoas ocupacionalmente expostas, como técnicos, radiologistas e pesquisadores com radiação.
Os efeitos tardios ainda se subdividem em genéticos e somáticos.


EFEITOS GENÉTICOS: Eles consistem de mutações nas células reprodutoras que afetam gerações futuras. Esses efeitos podem surgir quando os órgãos reprodutores são expostos a radiação e aparentemente não afetam o indivíduo que sofre a exposição, mas apenas seus descendentes.


Quando a radiação atinge as células reprodutoras ou seus precursores, pode ocorrer uma alteração na informação genética codificada, provocando uma mutação genética. Se o espermatozóide ou óvulo que sofreu a mutação for, posteriormente utilizado na concepção, a alteração será incorporada ao óvulo fertilizado, e durante a gravidez, quando o zigoto se reproduzir milhares de vezes, essa alteração será fatalmente reproduzida. Todas as células do recém nascido conterão informações genéticas modificadas, incluindo aquelas que anos mais tarde irão se transformar em espermatozóides ou óvulos. Isto significa que, quando esse indivíduo atingir a fase fértil e se reproduzir, terá grande probabilidade de transferir a informação genética alterada, podendo assim continuar por muitas gerações. Algumas dessas mutações chegam a ser lidas, antes do nascimento do feto. Outras podem produzir efeitos físicos ou mentais ou, simplesmente, aumentar a suscetibilidade a determinadas doenças crônicas, ou a anormalidades bioquímicas.
Há indicações de que esse efeito é acumulativo, de modo que quanto maior a dose aculumada maior o número de mutações ocorridas.


EFEITOS SOMÁTICOS: São aqueles que afetam diretamente o indivíduo exposto à radiação e não são transmitidos a gerações futuras. Esses efeitos dependem dos seguintes fatores:
Tipo de radiação; profundidade atingida, que está relacionada à energia da radiação e ao tipo de tecido irradiado; área ou volume do corpo exposto; dose total recebida; tempo de irradiação;
Entre os efeitos somáticos no homem os mais importantes são: Aumento na incidência de câncer; anormalidade no desenvolvimento do embrião; indução a catarata; redução da vida média.
Ver também em: Ação Biológica

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